Óleo de palma e seus impactos ambientais

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Nome científico da palma: Elaeis guineensis

Considerado um dos óleos mais produtivos do mundo e com grande importância econômica, o óleo de palma (também conhecido como óleo de dendê) tem diversos usos: alimentação (chocolates, biscoitos, margarinas, sorvetes, dentre outros), cosméticos (sabonetes, detergentes) e até biodiesel.

É rico em antioxidantes – que combatem os radicais livres, ligados ao envelhecimento e até doenças como o câncer -, além de conter vitamina K, vitamina A, vitamina E. Quando ingerido, atua na nutrição do organismo (devido às vitaminas) e, segundo pesquisas, pode combater o mau colesterol (LDL), prevenindo doenças como infarto, AVC, dentre outras.

Seu uso cosmético se dá por conta da hidratação que ele confere e atualmente tem sido apontado como um poderoso ativo anti-idade. Isso pode ser explicado pela presença do tocotrienol, possivelmente mais eficaz no combate ao envelhecimento do que o tocoferol (vitamina E natural), de acordo com estudos.

Óleo de palma e seu impacto no meio ambiente

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A flora e a fauna da região do arquipélago Indo-malaio – que inclui as ilhas de Bornéu e Sumatra – estão em grave perigo devido à expansão da indústria florestal e do tráfico internacional de animais. Entre as atividades comerciais mais predatórias da região estão a extração de borracha, óleo de palma e celulose, além do corte ilegal de madeira (Fonte: Superinteressante)

No Brasil, o plantio é de destaque para os estados do Pará, Amapá e Bahia. No entanto, os maiores produtores mundiais do óleo de palma são a Malásia e a Indonésia, e é aqui que a polêmica começa: nestes países, as áreas de floresta usadas para o plantio do óleo são os habitats remanescentes de animais ameaçados, como o tigre da Sumatra, o rinoceronte asiático e o orangotango. Por aqui, acho que já está claro que o cultivo do óleo também pode ameaçar a floresta amazônica, sua biodiversidade e a moradia de comunidades indígenas.

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De maneira ácida e bem trágica, o Greenpeace satiriza a contribuição da Nestlé para a destruição do habitat dos orangotangos na Indonésia.

Empresas como a Unilever, Nestlé (falei delas outro dia, lembram?), Kraft Foods e Procter & Gamble já foram duramente criticadas por adquirir óleo de palma de produtores ligados ao desmatamento (Sinar Mas, por exemplo). Um vídeo do Greenpeace zomba acidamente da Kit Kat (pertencente à Nestlé) ao mostrar um homem comendo um dedo de orangotango no lugar do chocolate. Veja:

 

O que está sendo feito em relação ao problema

Já há alguns anos, organizações como o Greenpeace têm pressionado as grandes corporações para que não comprem de fornecedores vinculados ao desmatamento. A Unilever decidiu cumprir a exigência e rompeu com produtores ligados à prática, bem como a Nestlé, mas vale destacar que as fontes de óleo de palma de ambas ainda não são 100% sustentáveis (logo, elas ainda contribuem para o desmatamento). Além disso, acho interessante mencionar que Nestlé e Unilever estão ligadas a testes em animais e trabalho escravo infantil nas plantações de cacau da África, no caso da Nestlé.

No Brasil, foi criado em 2010 o Programa de Produção Sustentável de Óleo de Palma, que tem como diretrizes a preservação de vegetação nativa, produção integrada à agricultura familiar e ênfase em áreas já degradadas da Amazônia Legal, ou seja, apenas regiões que sofreram ação humana serão aptas ao plantio. No entanto, apesar de ser um passo importante, o Greenpeace aponta que a medida pode gerar desmatamento indireto.

Faça a sua parte

Empresas alimentícias nacionais como a NativeJasmine já utilizam óleo de palma de fontes sustentáveis, mostrando comprometimento com as preocupações do consumidor e responsabilidade ambiental. Também não fazem testes em animais, valorizam o pequeno agricultor, não usam transgênicos, dentre outros diferencial incríveis.

Além disso, há o selo RSPO (Roundtable on Sustainable Palm Oil) (veja aqui o selo), que garante que aquele óleo de palma (ou qualquer ingrediente derivado dela) é de fonte sustentável. No Brasil, empresas como a Agropalma e Energy Palma são certificadas para usá-lo, portanto atendem à preocupação ambiental.

No entanto, vale ressaltar que a Agropalma foi acusada de fornecer condições degradantes de trabalho, mostrando que, apesar da preocupação ambiental, a empresa falha em certos aspecto e precisa, urgentemente, rever sua postura.

De um modo geral, optar por marcas que obtêm insumos de palma provenientes de fontes sustentáveis, sempre que possível certificadas pelo selo RSPO, é uma forma de contribuir para o meio ambiente. Paralelamente, é imprescindível boicotar empresas  que estejam colaborando com o desmatamento por conta da palma.

Alternativas ao óleo de palma

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O óleo de alga pode ser uma alternativa promissora para a extração do óleo de palma

Atualmente, o óleo de algas microscópicas vem surgindo como uma alternativa menos predatória ao óleo de palma: possuem boa produtividade (algumas algas são 100 vezes mais produtivas que a soja, por exemplo) e são relativamente menos vulneráveis às mudanças climáticas. A aposta mais otimista está no seu uso para a produção de biodiesel, por exemplo, embora ainda esbarre em alguns problemas como dificuldade de produção em larga escala.

Em relação ao uso cosmético, o óleo de semente de uva tem excelentes propriedades anti-idade, assim como o óleo de palma. Para a saponificação (processo de obtenção de sabonetes e simulares), o óleo de coco e o óleo de oliva entram como alternativas interessantes, mas ainda sim a produtividade e preço de custo dos mesmos podem surgir como empecilhos aos agricultores e empresas.

Basicamente, na situação atual, é extremamente difícil abolir o óleo de palma. No entanto, alternativas estão sendo buscadas e quem sabe daqui a uma década (ou menos, espero!) as empresas possam usar outros insumos menos predatórios.

Enquanto isso, cabe a nós colaborar (tomando atitudes como citei no “Faça sua parte”) para que essa destruição seja minimizada ao máximo e pressionar as grandes empresas para elas façam o mesmo!

Fontes e referências: Revista Fator; Planeta Sustentável; Superinteressante; Natural Products Insider

18 comentários sobre “Óleo de palma e seus impactos ambientais

  1. Eu posso parecer muito otimista, mas tenho quase certeza de que algum dia irão achar um substituto bom o suficiente. O mundo tem tanta coisa que os cientistas ainda não descobriram… é uma questão de tempo.
    E achei bem legal você ter colocado as fontes de onde pesquisou (:

    1. Mas eu também não tenho dúvidas de que um dia irão encontrar alternativas no mesmo nível, só que infelizmente vai demorar um pouco! :/

  2. Muito legal abordar o tema Nyle! Eu já tinha visto esse video do greenpeace quando pesquisa mais sobre a Nestlé e o problema que o kit kat gerava, bem triste né? 😦

  3. O problema não está no óleo de Palma, mas na produção em larga escalala de produtos que usam o óleo, no consumo excessivo de margarinas e na possibilidade que ele dá de baratear os custos da produção alimentícia. Se o óleo de palma ‘acabar’, eu nem sei… Uma planta africana maravilhosa… não existe culinária afrobrasileira sem óleo de palma… O que será do acarajé, do caruru? Inimaginável. Algas não servem pra fazer acarajé, mas lembrando que o uso de óleo de palma(que pra mim sempre foi o dendê) nesse tipo de culinária nem chega a coçar no volume em que ele é utilizado na produção de alimentos industrializados.

    1. Mas dificilmente ele deixaria de ser produzido. O que não pode acontecer é a produção continuar crescendo como está, aí é impraticável!

    2. Engraçado vc ter dito MARGARINA porque me fez lembrar de algo que li por ahi sobre a dita cuja margarina:
      A MARGARINA foi produzida originalmente para engordar aos pavões, quando na verdade o que a margarina fez foi matar os pavões que a comiam. As pessoas que haviam investido na investigação e desenvolvimento da margarina ainda assim queriam ver seu dinheiro de volta, então começaram a pensar como o fariam, pois tinham uma substancia branca que não tinha nenhum atrativo comestível, foi ai que adicionaram a cor amarelada e resolveram vender as pessoas no lugar da manteiga!
      sendo que a margarina não tem nenhum valor nutritivo, e quimicamente a estrutura da margarina falta só uma molécula para ser considerado plastico. Ela e ligeiramente mais alta em ácidos graxos saturados que a manteiga… podia continuar com as coisas ruins da margarina mas acho que já escrevi suficiente né?

      1. Realmente, não como mais margarina e ela realmente não me faz falta!!

  4. É melhor pesquisar antes de publicar certas notícias!

    Informação de que Kit Kat é feito de óleo de palma é desatualizada

    Boato – A empresa Nestlé utiliza óleo de palma de florestas da Indonésia na fabricação do chocolate Kit Kat. O uso estaria ameaçando espécies de orangotangos da região.

    A história que será apresentada hoje no Boatos.org já foi real, mas é desatualizada. Isso acontece muito na web, visto que conteúdos lançados há anos podem ter perdido a validade.

    Lançada em 2010, uma campanha do Greenpeace acusava a empresa Nestlé de utilizar óleo de palma de florestas da Indonésia como matéria-prima para o chocolate Kit Kat. Junto à campanha de que o Kit Kat é feito de óleo de palma, foi lançado um vídeo no qual um funcionário de uma empresa abre uma embalagem do chocolate e come um dedo de orangotango.

    A campanha fez muito sucesso na época e, em 2013, ela voltou com força para as redes sociais. A motivação foi, provavelmente o lançamento do sistema operacional Android Kit Kat. No vídeo, continua a campanha de que comer o chocolate ajuda a “matar os orangotangos”.

    Apesar de realmente a Nestlé ter utilizado a matéria-prima, a empresa anunciou que parou de produzir os chocolates com qualquer produto que promova o desmatamento em 2010. O próprio Greenpeace acabou comemorando a decisão da empresa na página oficial da campanha. O compromisso da empresa com as florestas foi firmado em documento oficial em 2012.

    Ou seja, o vídeo que circula por redes sociais fala de um fato que está desatualizado. Para terminar, o chamado óleo de palma citado na denúncia nada mais é do que o AZEITE DE DENDÊ. O alimento é muito utilizado na culinária nordestina no Brasil.

    Esse texto foi uma sugestão do leitor Leonardo Rodrigues. Se você quiser sugerir artigos para o Boatos.org, entre em contato com a gente pelo site ou pela nossa página do Facebook.

    http://boatos.org/meio-ambiente/informacao-kit-kat-feito-oleo-palma-desatualizada.html

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